Os utilizadores da internet usam muitas vezes o Twitter para colocar questões aos seus seguidores. E o que perguntam revela muito sobre as limitações actuais dos motores de pesquisa. “Alguém pode sugerir um bom treinador por menos de 1.000 euros?” e “Qual é o tipo de manutenção de um French Bulldog?”
Se usam o Twitter, provavelmente já viram ou fizeram este tipo de perguntas, que poderiam, à partida, ser facilamente respondidas com o recurso a um motor de busca - o Google, por exemplo.
Na realidade, este hábito tem uma denominação própria (hashtag) - #lazyweb – e, para responder a esta exigência, empresas como a InboxQ ou a Column Five Media criaram uma busca infográfica, de informação visual. Mas este facto demonstra muito mais do que a profundidade da preguiça das pessoas, revela também a incapacidade da tecnologia actual dos motores de busca de encontrarem respostas adequadas às perguntas específicas colocadas pelos utilizadores.
Uma palavra acerca da etiqueta #lazyweb: a sua utilização atingiu o pico em 2008, e a partir daí tornou-se um fenómeno, com quase 50 perguntas colocadas por dia, colmatando, assim, uma omissão dos motores de busca – imaginem o tempo que demoraria a encontrar a resposta a uma pergunta específica na internet, quando basta ‘twitar’ para saber a resposta rapidamente.
As coisas tornam-se interessantes quando se percebe que tipo de questões os utilizadores colocam. A programação é um tópico bastante popular, logo seguido pelo apoio técnico. As recomendações de produtos, negócios locais ou serviços de internet são um tema também muito procurado:
Estas são questões que a mente humana está melhor capacitada para responder do que um computador, situações em que o contexto, gosto pessoal e as palavras ainda têm um papel preponderante. Se olharmos para trás, verificamos que existem dúzias de ‘startups’ a tentar resolver o problema da pesquisa específica: websites como o Gilt.com ou o Svpply.com estão a reinventar o universo das compras online, tornando-as experiências personalizadas e fazendo muito do trabalho de um motor de busca. Por outro lado, ajudam a encontrar outros negócios, através de um filtro de ‘ratings’ dos consumidores.
Ainda assim, nenhum destes serviços consegue atingir a perfeição na busca de algo específico; continuamos a ter que navegar por páginas e páginas de informação para encontrar o assunto pretendido. Na minha opinião, tem de haver uma forma mais fácil, um formato de busca que desenvolva a pesquisa na direcção exacta do meu objectivo. Neste sentido, a investigação do Google está na linha da frente, com a criação de um novo sistema de procura de imagens (new image search features). É esta ideia que, no final, está na tentativa de utilizar as redes sociais para filtrar informação, sejam notícias ou música ou outro qualquer tema.
Todas estas soluções são provisórias, e ainda não funcionam tão bem quanto uma questão colocada no Twitter. Se eu trabalhasse em Sillicon Valley era este o obstáculo que tentaria ultrapassar - e não apenas todas aquelas coisas que usam algoritmos, redes sociais e “people like you”. Long live #lazyweb.
Fonte:
Kuang, Cliff. How Twitter exposes Google’s Limits, in Co.Design Daily, Fast Company, Julho 2011.
Kuang, Cliff. How Twitter exposes Google’s Limits, in Co.Design Daily, Fast Company, Julho 2011.
A Internet é hoje um dos principais veículos de informação a nível mundial em parte, devido ao enorme fluxo e rapidez com que se consegue captar e partilhar informações. Qualquer pessoa pode colocar um “post” seja com um intuito pessoal ou comercial e esta, que pode ser uma das grandes mais-valias da internet, pode também ser considerada como prejudicial. Pois contribuí para uma partilha de informação, muitas vezes, não fidedigna, não se correlacionando fontes e veracidade da mesma. A Internet não consegue, ainda :), captar intenções. Daí a facilidade de colocar uma questão no Twitter, ou numa outra rede social como “Alguém pode sugerir um bom treinador por menos de 1.000 euros?”. Parece-me que a velha tradição de passa-a-palavra continua a ser aquela a que se atribui maior crédito, contraponto um conceito único de ‘lazyweb’.
ResponderEliminarPenso que um motor de busca tão específico ao ponto de responder automaticamente ao nosso objectivo começa pela construção do perfil do utilizador (em contínuo desenvolvimento). Mas este teria de ser tão completo que entraria em confronto com o conceito de “invasão de privacidade”. Indo de encontro a uma pesquisa especifica construída para cada utilizador. Não duvido dessa possibilidade técnica contudo a questão que se coloca é até onde queremos uma maior exposição dos nossos “like” e “gosto”.
Apesar de todas estas vertentes e porque qualquer tema tem dois lados, sou “obrigada” a concordar com o texto… Long live #lazyweb.